Por razões profissionais precisei regressar ao passado e libertar-me do pc e do smartphone por algumas semanas. Regressei à velhinha máquina de calcular da época das cadeiras de Economia da universidade, ao lápis de grafite, à borracha e ao papel. Mantive o tablet por perto, porque ou era isso ou imprimir centenas de páginas. Casei o século 20 com o 21 e, confesso, foi uma viagem no tempo e nas memórias!
Andava eu na faculdade, no século passado, e já os meus professores profetizavam sobre a era digital da informação imediata na ponta dos dedos. Não se sabia bem como iria acontecer, mas sabia-se que os meios tecnológicos seriam a forma e o meio para a disrupção.
Tive o meu primeiro portátil no segundo ou terceiro ano da licenciatura (um luxo na altura) e o acesso à internet era feito por ligação ao telefone de rede fixa. Lentíssima, portanto. E quando digo lentíssima, era mesmo leeen-tí-ssi-maaa! Por isso, naquela altura, era muito difícil conceber a transformação e a rápida evolução tecnológica que tive o privilégio de testemunhar e de usufruir, ao longo das últimas quatro décadas.
Smartphones e tablets com ligação super rápida à internet em qualquer lado? Geolocalização quase imediata? Mapas virtuais acessíveis por voz? Assistentes virtuais para fazer agendamentos e pesquisas, gerir tarefas, fazer ligações telefónicas? Calculadora, máquina fotográfica, aplicações de edição de imagem, aplicações para acompanhamento do estado de saúde ou da performance física, bilhetes aéreos de embarque prontos a serem lidos digitalmente num visor e tudo isto num... Telemóvel?! Bem como emails sincronizados com a periodicidade que queiramos ou tenhamos mesmo de ter? Redes sociais? Televisão com boxes com centenas de canais e perfis de utilizadores? Ligações 4 ou 5G? (...)
Principalmente para as gerações na casa dos 40, 50, 60 (and so on), é difícil com isto não lembrar o Admirável Mundo Novo de Huxley. Porque é nele que vivemos. Com tudo de bom, mau, entusiasmante, desafiante e pernicioso que esta era nos traz.
E você, ainda se lembra de como era viver em modo analógico?
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