domingo, 15 de março de 2015

Pão de Batata, Orégãos, Chouriço e Piri-Piri

Esta semana trago-vos uma sugestão que me deixou rendida e que logo nas primeiras dentadas entrou para a nossa lista de receitas preferidas! Proponho-vos um Pão de côdea estaladiça e miolo muito fofo, com os sabores rústicos dos Orégãos secos e do Chouriço e que nos deixa a boca quente pelo picante do Piri-Piri. Ingredientes simples mas cuja combinação resulta num pão de nos levar ao céu! Perfeito para um lanche de piquenique ou para iniciar um "lanche-ajantarado" entre amigos, com um copo (ou dois) de vinho tinto encorpado.

Confesso que sempre delirei com Pão com Chouriço rústico, de massa densa e fofa, a ser comido antes ou depois de uma tigela de Caldo Verde feito a preceito. Até podia ser sem a bendita sopa, nas feirinhas da aldeia da querida avó ou nas festas populares de Verão, quando todos os outros preferem as filas dos Churros e das Farturas, a mim encontram-me sempre à espera do querido Pão com Chouriço prestes a sair do forno de lenha.

Fiquei rendida à sugestão de hoje pelos sabores deliciosamente simples dos ingredientes que leva, tão tipicamente portugueses e mediterrânicos, mas também pela surpresa ao paladar que o calor das Malaguetas nos traz e que nos impele a mais uma dentada gulosa e a mais um gole de vinho. Se fecharmos os olhos é possível que nos leve às fantásticas planícies alentejanas e aos campos onde se encontram os Orégãos, os Poejos, as Silarcas e os Espargos Selvagens a crescer espontaneamente... Delícia!

Como explico mais adiante na preparação desta receita, devido às baixas temperaturas que ainda se fazem sentir nesta altura do ano em Portugal, preparei a massa durante a noite para que levedasse até ao dia seguinte. Logo pela manhã a massa estava pronta a ser trabalhada e em pouco tempo ficou pronta para ir ao forno. Depois foi só abrir a garrafa de vinho, deixar o cheiro do Pão acabado de fazer inundar a casa e o olfacto, fatiá-lo ainda morno e fumegante e servir com amor à família e aos amigos! E se aí em casa a sua família for como a minha, gulosa e amiga da boa comida, este pão durará muito pouco tempo e até as migalhas desaparecem!

 



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Nº Pessoas: 4
Tempo Prep.:  90 min. *
Dificuldade: ** (Média)
Ingr. Principal: Vários
Vegetariano: Não
Para Crianças: Sim
Tipo Prato: Pão
Festividade: N/A
Cozinha: De Fusão

* Mais o tempo de levedura

Ingredientes:
 
- 150 ml de Natas Frescas (usei da marca Mimosa)
- 1 1/2 colher de sopa de sumo de Limão
- 120 gr de Batata cozida*
   * Corresponde grosseiramente a uma batata de tamanho médio
- Noz Moscada acabada de moer a gosto
- 90 ml de Água morna (não mais de 30º C) + alguma para a cozedura
- 1 1/2 colher de chá de Fermento de Padeiro (usei da marca Condi)
- 375 gr de Farinha de Trigo Sem Fermento Tipo 65 (usei da marca Espiga) + alguma para polvilhar
- 1 colher de chá (rasa) de Sal Marinho
- Óleo de Girassol para untar (usei também da marca Espiga)
- 120 gr de Chouriço cortado em cubos
- Orégãos secos q.b.
- 3 Malaguetas de Piri-Piri pequenas e secas

 Também vai precisar de:
- Tigelas cerâmicas (de sopa) e tigelas plásticas grandes
- Panela de inox pequena
- Fervedor eléctrico
- Ralador fino
- Colher de pau pequena
- Balança de cozinha
- Robot de cozinha
- Rolo de papel de cozinha q.b.
- Espátula de cozinha ou Salazar
- Pano da loiça limpo
- Forma anti-aderente para bolos
- Tábua de corte + Faca
- Frigideira pequena anti-aderente
- Prato cerâmico pequeno
- Passador ou peneira grande de rede fina
- 2 Tabuleiros de forno (1 raso + 1 fundo)
 
Preparação:
Junte as natas frescas com o sumo de limão, mexa e deixe repousar durante 30 minutos.
Descasque e parta a batata em quartos e coza-a em lume médio a alto.
Misture a água tépida com o fermento de padeiro e mexa com uma colher de pau, deixando repousar até que comecem a surgir pequenas bolhas de ar na água.

Assim que a batata tenha cozido, escorra a água e reduza a puré. Misture as natas aos poucos e adicione uma pitada generosa de noz moscada acabada de moer. Mexa tudo até obter uma mistura cremosa.

No robot de cozinha junte a farinha, o sal marinho, a mistura das natas com as batatas e o fermento com a água, aos poucos e em velocidade baixa durante alguns minutos. Quando a mistura se tornar homogénea aumente a velocidade até obter uma massa macia e elástica.

Unte uma tigela plástica grande e funda com uma folha de papel de cozinha untada com óleo de girassol e reserve.
Ligue o forno (opção de aquecimento apenas em baixo) a 40º C. Assim que atinja esta temperatura desligue o forno e não abra a porta para manter a temperatura no interior.

Polvilhe a bancada de trabalho, as mãos e uma espátula com farinha e transfira a massa do robot para a bancada. Trabalhe a massa com as mãos durante cerca de 5 minutos, formando uma bola no final. Coloque a massa no fundo da tigela e cubra com um pano da loiça limpo. Ponha a tigela dentro de forma anti-aderente para bolos e leve ao forno até que a massa duplique de tamanho. *

* Dica: Devido às baixas temperaturas nocturnas que se fazem sentir em Portugal, sugiro que deixe a massa levedar durante a noite dentro do forno morno (e desligado). No dia seguinte a massa terá duplicado o seu volume e estará pronta a ser trabalhada logo pela manhã.

Aloure o chouriço numa frigideira anti-aderente com uma pitada generosa de orégãos secos. Assim que esteja dourado, transfira o chouriço (e a gordura libertada) para um prato pequeno e deixe arrefecer completamente. Reserve.

Corte as malaguetas em pedacinhos pequenos: se gostar de algum "calor" deixe ficar algumas das sementes, senão retire-as.

Transfira a massa já levedada para a bancada de trabalho previamente polvilhada com farinha. Calque a massa e abra-a ligeiramente.
Distribua o chouriço e as malaguetas pela massa e polvilhe com mais uma pitada de orégãos secos. Pegue nas "pontas" da massa e enrole-as para o centro, de modo a tapar o recheio. Trabalhe a massa com as mãos durante alguns cerca de 5 minutos até incorporar completamente o chouriço, as malaguetas e os orégãos e molde-a numa bola grosseira (mantendo a "costura", zona onde as pontas da massa se uniram, para cima).

Ligue o forno (opção de aquecimento apenas em baixo) a 40º C. Assim que atinja esta temperatura desligue o forno e não abra a porta para manter a temperatura no interior.

Forre um passador com um pano da loiça limpo, polvilhe generosamente o pano com farinha, coloque o passador na boca da tigela de plástico e transfira a massa para o pano (mantendo a "costura" para cima). Cubra a massa com as pontas do pano, coloque a tigela de novo dentro da forma anti-aderente e leve ao forno previamente morno, até que a massa volte a dobrar o seu volume.

Unte um tabuleiro de forno com um pouco de óleo de girassol e reserve.

Assim que a massa tenha levedado, retire-a do forno, desembrulhe a massa e coloque o tabuleiro de forno por cima do passador. Inverta o tabuleiro e o passador ao mesmo tempo, deixando a massa cair no tabuleiro. Retire o passador e o pano, polvilhe o topo da massa com um pouco de farinha e faça cortes profundos em padrão quadriculado com a ajuda de uma faca afiada.

Ligue o forno (opção de aquecimento apenas em baixo) a 190º C com ventilação, com um tabuleiro de forno fundo no último suporte.

Assim que o forno tenha atingido a temperatura, coloque o tabuleiro do pão no suporte intermédio do forno e deixe cozer durante 40 minutos. *

* Dica: Como sugerido na receita desta Focaccia de Alecrim e Azeite para obter uma côdea mais estaladiça, cerca de 10 minutos depois de iniciar a cozedura cubra todo o fundo do tabuleiro de forno vazio com água da torneira. Com o vapor criado o exterior da massa ficará mais estaladiço e o interior mais macio.

A cerca de 10 minutos do final do tempo de cozedura mude o modo de aquecimento simultaneamente para cima e para baixo, na mesma temperatura e mantendo a ventilação, para tostar e alourar levemente o topo do pão.
Terminado o tempo de cozedura, retire o pão do forno, transfira-o para uma rede de arame até arrefecer por completo. A côdea deverá apresentar-se firme e levemente dourada ao sair do forno, ficando gradualmente mais estaladiça à medida que arrefece.

Sirva ainda morno e delicie-se!


Bom Apetite!


Nota: Receita original de Ruth Clemens e adaptada pela cozinheira da casa


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